COMPORTAMENTO

A corrida por likes, está custando nossa humanidade?

O Limite Invisível da Busca por Engajamento na Era Digital

Nos últimos anos, a internet deixou de ser apenas um espaço de convivência social para se transformar em um grande mercado de validação. Likes, visualizações e seguidores se tornaram novas moedas emocionais  e, muitas vezes, profissionais. Mas enquanto o algoritmo ganha força, a humanidade parece se dissolver no processo.

A pergunta que precisamos fazer é simples, mas urgente: até que ponto estamos dispostos a ir para sermos vistos?

O fenômeno da performance permanente.

Antes, nossas vidas tinham pausas. Hoje, tudo é conteúdo.

Profissionais, criadores, marcas e até pessoas comuns se sentem obrigados a estar sempre performando: sorrindo, sendo inspiradores, sendo polêmicos, sendo úteis, sendo perfeitos. Não há descanso. Não há silêncio.

A lógica é clara: se você não aparece, você desaparece.

E nessa corrida infinita, muitos ultrapassam seus próprios limites emocionais, físicos e éticos para entregar algo que, muitas vezes, nem representa quem realmente são.

A humanidade perdeu espaço para a métrica.

A verdade desconfortável: quanto mais emoção extrema, mais engajamento.

A internet recompensa:

  • indignação,

  • exposição,

  • escândalo,

  • vulnerabilidade exagerada,

  • conflitos,

  • opiniões radicais.

O problema é que isso cria um ciclo perigoso onde o valor humano é trocado por números. Pessoas começam a moldar suas identidades com base no que “funciona”, e não no que é real.

Assim, a autenticidade é substituída por uma versão editada de si mesmo, estrategicamente planejada para captar atenção  não para comunicar verdade.

A cultura do exagero e a erosão da saúde mental.

Criadores estão chegando ao limite.

A pressão por engajamento produz:

  • ansiedade crônica,

  • sensação constante de insuficiência,

  • comparação destrutiva,

  • distorção de autoimagem,

  • burnout digital,

  • dependência emocional de validação externa.

A internet se tornou um palco onde muitos ensaiam felicidade, mas vivem exaustos por trás das câmeras.

O algoritmo não quer pessoas ele quer reação.

O algoritmo não tem moral, não entende limites humanos, não reconhece sofrimento.

Ele privilegia apenas:

  • tempo de tela,

  • consistência extrema,

  • conteúdo que gere interrupção cognitiva.

E como consequência, vemos um cenário onde pessoas:

  • fazem desafios perigosos,

  • expõem traumas reais,

  • transformam dor em conteúdo,

  • criam personagens que não conseguem sustentar,

  • sacrificam privacidade e relações pessoais,

  • vivem para alimentar uma máquina insaciável.

O mundo digital exige demais para entregar muito pouco.

O sucesso está sendo construído sobre fragilidades.

Quanto maior o engajamento, maior o risco de desumanização.

Profissionais e influenciadores passam a acreditar que se não sofreram, não têm história; que se não chocarem, não serão notados; que se não viverem em modo “viral”, estão fracassando.

A medição da própria vida passa por métricas públicas e isso nunca foi saudável.

A necessidade urgente de re-humanização.

2025 é um ano que marca uma mudança clara de percepção:
as pessoas estão cansadas.

Cansadas de conteúdo raso.
Cansadas de pressão.
Cansadas de personagens.
Cansadas da falta de verdade.

E esse cansaço abre espaço para uma nova tendência inevitável:

A volta da humanidade como diferencial.

Quem conseguir:

  • comunicar com propósito,

  • mostrar vulnerabilidade sem exploração,

  • entregar valor real,

  • manter limites,

  • parar quando precisar,

  • falar com empatia,

  • e ser mais humano do que “performático”,

vai ganhar espaço em um mercado saturado de artificialidade emocional.

O caminho: menos algoritmo, mais essência.

O futuro da comunicação digital inclusive da publicidade, do branding e dos criadores passa por um ponto simples:

humanizar novamente a internet.

Isso significa:

  • Não transformar tudo em conteúdo.

  • Não medir a vida por números.

  • Não sacrificar saúde por relevância.

  • Não deixar que o algoritmo decida quem você é.

  • Não perder o senso de humanidade na busca por visibilidade.

O engajamento é resultado, não identidade.
A autenticidade é narrativa, não estratégia.

E o sucesso real nunca valerá a perda da sua essência.