A Proibição de Livros nos EUA: Entre o Medo e o Controle.
Nos últimos anos, os Estados Unidos têm registrado um crescimento significativo no número de livros banidos ou restringidos em escolas e bibliotecas públicas. Esse fenômeno não é novo, mas ganhou força recente com debates políticos e culturais mais polarizados. O centro da questão envolve temas como sexualidade, racismo, identidade de gênero e política, que provocam reações intensas em determinados grupos sociais.
Por que os livros são proibidos?
A proibição geralmente parte de pressões de pais, grupos comunitários ou representantes políticos que consideram determinadas obras “impróprias” para crianças e adolescentes. Os motivos mais comuns incluem:
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Conteúdos sexuais ou de identidade de gênero: Livros que abordam homossexualidade, transição de gênero ou sexualidade são frequentemente alvo de censura.
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Racismo e história crítica: Obras que tratam de racismo estrutural, escravidão ou injustiças históricas muitas vezes são acusadas de “dividir” a sociedade.
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Política e ideologia: Autores que questionam narrativas conservadoras ou apresentam visões progressistas também entram em listas de restrição.
Na prática, essa proibição acontece em conselhos escolares, que recebem reclamações formais e votam pela retirada de livros de bibliotecas e currículos. Organizações como a American Library Association têm denunciado recordes de pedidos de censura nos últimos anos, especialmente contra livros de autores negros, latinos e LGBTQIA+.
Como isso ocorre na prática?
O processo segue uma dinâmica institucional:
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Um grupo ou indivíduo protocola uma queixa contra um livro.
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A escola ou biblioteca monta um comitê para revisar a obra.
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Dependendo da pressão política, o livro pode ser removido temporária ou permanentemente.
Esse mecanismo formaliza a censura e dá a ela uma aparência de legitimidade, ainda que fira princípios de liberdade de expressão.
Um paralelo histórico
O ato de proibir livros acompanha a humanidade há séculos. Alguns exemplos marcantes:
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Idade Média: A Igreja Católica mantinha o Index Librorum Prohibitorum, uma lista de obras proibidas consideradas hereges ou perigosas para a fé.
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Nazismo (1933): O regime de Hitler queimou livros de autores judeus, marxistas e intelectuais considerados “degenerados”, em um esforço de purificação ideológica.
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Ditaduras latino-americanas: Durante os anos 1960–1980, países como Brasil, Chile e Argentina censuraram obras literárias que denunciavam a repressão e a violência estatal.
Esses episódios mostram que a censura de livros sempre foi uma ferramenta de poder para controlar narrativas e limitar o pensamento crítico.
Por que esse debate importa hoje?
A repetição desse ciclo nos EUA revela que a luta entre liberdade de expressão e censura continua viva. A retirada de livros não é apenas uma questão educacional, mas um reflexo de disputas sociais mais amplas sobre identidade, poder e memória histórica.
Seja no passado ou no presente, a censura demonstra medo: medo do pensamento livre, da diversidade e da transformação social.

