ANTES DE DESANIMAR, ME SILENCIAR…
Dá uma vontade de desanimar. Uma vontade de fechar as janelas, tirar tudo da tomada e me esconder debaixo do cobertor. Deslogar de todas as redes sociais, porque sei que em menos de 5 minutos, irei me deparar com as piores notícias. Vou ver mortes, vou ver ódio, vou ver lamentos, injustiça. Vou ter minha energia sugada por uma tela de computador e celular por segundos.
É difícil não desanimar, eu sei. Quantas vezes eu já não cogitei sair de Facebook, dar um tempo do instagram, silenciar quase todos os meus grupos do Whatsapp. Até mesmo os que só existem para compartilhar bobagens. É muita informação pra pouca pessoa e isto é o dia todo.
Silenciar para não desanimar.
O recolhimento é preciso. Como diz minha amiga em um texto que está mexendo comigo até agora e me inspirou a escrever esse: “Não paramos mais pra conversar. Olho no olho. Pior que isso, não nos calamos mais. Não silenciamos para deixar as coisas se assentarem. Estamos doentes e dependentes. Precisamos o tempo todo gritar, esbravejar, opinar. Eis-me aqui.”
Também estou aqui, usando esse espaço para desabafar depois de dois dias mais caladinha, aprendendo a me silenciar.
Tendo a romantizar o passado. Como as pessoas faziam para se livrar de suas angustias? Escreviam em diarios? Conversavam por horas com seus amigos no telefone? Se encontravam mais? Será que era melhor?
Venho para o presente e me convenço que não.
Mas saber quando silenciar me parece cada vez mais necessário.
Essa semana, justamente no dia que aconteceu a tragedia em Suzano, as principais redes sociais que usamos estavam intermitentes. Muita gente não conseguiu postar nada, não dava pra mandar audio nem imagens. E sinceramente, foi um presente. Não só porque ficou tudo centralizado na televisão, mas também porque fez com que a gente controlasse um pouco a necessidade de estar sempre falando sobre tudo que acontece.
Não quero mais me envergonhar porque não sei a última notícia horrorosa que saiu no jornal. Preciso parar de querer saber tudo que acontece, dar uma pausa na setinha de refresh, ou de arrastar a tela do celular pra baixo para pedir conteúdo novo. Quero me dar ao direito de não precisar expor minha opinião sobre tudo o que acontece só para não parecer (pra muita gente que nem me conhece direito) que eu não me importo. É muito fácil se deixar contagiar pelo desanimo, é muito fácil achar que tá tudo perdido. E é muito fácil ficar com medo de se alienar.
“Nossa, onde você estava? Em um iglu no Alaska sem internet?”
Quero parar de achar que essa frase é um sinal de alienação. Quero responder: “não, mas estava lendo um livro/saindo com meus amigos/fazendo qualquer coisa que não fosse olhar para uma tela de computador”. Quero silenciar sem me sentir culpado por isso. E usar a energia que vai me sobrar por estar cuidando de mim para fazer a diferença nas áreas que eu tenho alcance. Quer vir comigo?