ARTIGO

Feminicídio: a dor que não termina com a morte…

O feminicídio é uma das faces mais cruéis da violência de gênero. Mais do que um crime, é o rompimento violento do direito mais básico: o de existir. Quando uma mulher é morta pelo simples fato de ser mulher, não é apenas a sua vida que é interrompida  é também o futuro que lhe foi negado, os sonhos que não se realizarão e a dor eterna que passa a habitar nos corações de seus familiares e amigos.

A dor da ausência

Para quem fica, o feminicídio não termina no dia da morte. Ele marca a vida dos familiares com um vazio irreparável. Mães que nunca mais verão as filhas entrarem pela porta, filhos que crescerão sem o abraço materno, irmãs e amigas que carregarão para sempre a lembrança da violência que lhes arrancou alguém amado. É uma ferida que não cicatriza.

O luto nesses casos não é apenas pela perda, mas também pela forma brutal com que ela aconteceu. A memória da violência se mistura ao sentimento de impotência, tornando a dor ainda mais cruel.

A luta por justiça

Após o feminicídio, os familiares são empurrados para uma nova batalha: a busca por justiça. Uma luta desigual contra a morosidade do sistema, contra a indiferença social e, muitas vezes, contra o julgamento velado que recai sobre a vítima. Em vez de apenas chorar sua dor, eles precisam lutar para que o nome de sua filha, irmã, mãe ou amiga não seja reduzido a números em estatísticas.

Essa luta é movida pelo amor, mas também pela revolta. É a tentativa de transformar a dor em força, de impedir que outras famílias passem pela mesma tragédia. É carregar no peito a responsabilidade de dar voz a quem foi silenciada.

O impacto invisível

O feminicídio não destrói apenas a vida da vítima: ele desestrutura famílias inteiras. Muitas vezes, os filhos ficam desamparados, crescendo com a ausência materna e o trauma da violência. Pais envelhecem mais rápido sob o peso da perda, irmãos se culpam por não terem conseguido proteger.

É um impacto que se prolonga no tempo, atravessando gerações. A dor do feminicídio não tem fim, ela se transforma, mas nunca desaparece.

Do luto à resistência

Apesar da crueldade, muitas famílias transformam sua dor em luta. Criam movimentos, marchas, coletivos de apoio. Dão rostos e nomes às estatísticas, rompendo o silêncio que protege agressores. São vozes que ecoam: “Ela não morreu em vão.”

Esse movimento coletivo é também uma forma de sobrevivência. Quando uma mulher é vítima de feminicídio, todos perdemos. Mas quando a sociedade se levanta, há esperança de que menos vidas sejam interrompidas pela violência.

Requiescat in pace; Tamires…