QUANDO A GENTE SE CONTENTA COM O POUCO E NEM PERCEBE…
Em meio a tudo que vivi nos últimos meses, me dei conta de que as vezes a gente se contenta com pouco, floreia atitudes básicas e romantiza esse pouco para se convencer de que é bom. E nessa história, concluí algo que pode parecer óbvio, mas nem sempre é: Se você está tentando se convencer que algo é bom, provavelmente não é.
Parece que os pessoas legais estão em extinção e por isso a gente acaba tratando como normais coisas que na verdade são menos do que gostaríamos (de receber e de dar). Só que isso não é verdade, é apenas uma crença construída em cima de alguns estereótipos que se mostram mais disponíveis.
Não estou aqui dizendo que todos os homens ou mulheres do mundo precisam pagar contas ou abrir a porta do carro. Longe de mim querer endossar padrões de comportamento, acho que cada um deve ser como é desde que no final o balanço da relação seja positivo. No entanto, são poucas as amigas que me contam de parceiros fofos, ou namoradas gentil, que elogiam, cuidam de forma carinhosa do relacionamento e as jogam pra cima (infelizmente muitas vezes essa recíproca também é verdadeira, precisamos fazer bem ao outro).
Somar, acrescentar e jogar para cima são atribuições fundamentais de ambas as partes, mas isso só é bom quando é natural. Um elogio genuíno planta amor no mundo. Um elogio falso, quando mal disfarçado ou pelos motivos errados, pode desencadear uma rede de inseguranças.
Algo está bem errado quando a gente começa a baixar nossos padrões para “se convencer” de que aquela relação está somando. Não é fácil e é preciso ter um termômetro muito bom para notar, seja uma autocrítica lúcida, uma melhor amiga sensível ou uma terapeuta sagaz, alguém para levantar o sinal amarelo.
Relações precisam ser em sua maioria leves, precisam conter desejo, demonstrações de afeto (ainda que entre 4 paredes) e PRECISAM colocar a pessoa para cima. Você pode validar a autoestima do outro e permitir que ele faça o mesmo pela sua. Mal não vai fazer!
Quando paramos para analisar que tantas pessoas se contentam e agradecem por tão pouco (eventualmente já me inclui aqui), precisamos falar sobre isso. Quem não tem uma amiga linda, legal e inteligente que o namorado faz com que ela se sinta péssima?
Pode ser difícil sair dessas relações que tendem a serem abusivas, mas ao fazer isso e se permitir reconstruir é incrível ver que as novas pessoas aparecem e com elas você nota que a situação é tão melhor do que parecia. O mundo não é apenas feito de homens ou mulheres que adoram joguinhos, de pessoas que vêm cheios de traumas ou de gente que tem medo de se envolver.
Quando você vibra algo bom, está em paz com você mesmo, a vida pode surpreender! (sim, esse é meu mantra) Em alguns momentos só precisamos de novas referências para entender que o que tínhamos não estava à altura do que desejamos, que estávamos achando lindo receber pouco.
Quando me contentei com pouco só atraí pouco, cada vez menos (ainda que não fosse por mal, cada um tem suas limitações). Quando julguei querer mais, tive mais palavras carinhosas, mais demonstrações de afeto, mais sorrisos, mais elogios (de todas as naturezas, físicas e intelectuais) e outros sentimentos tão maravilhosos que eu nem sei nomear. Só sei dizer que é gostoso!
Então por que eu estava ali, lutando tanto por uma relação que me dava tão pouco? Talvez para dar valor ao que a vida tem me mostrado, talvez para compartilhar tudo isso com vocês e quem sabe ser o sinal amarelo na vida das minhas amigas e amigos. Quem não quer ver alguém que a gente ama se sentindo linda, lindo, inteligente, capaz, incrível e desejada ou desejado não é mesmo?
Dizem que a felicidade é melhor quando compartilhada. Gosto de ser feliz sozinho, mas também amo estar aberto para o novo e ser feliz a cada encontro especial que vou tendo pela vida. Quando esses me fazem me sentir mais lindo, inteligente, especial, gostoso ou espontâneo, fico mais feliz ainda. Pois é o outro enxergando em mim aquilo que eu escolho manifestar, quem não gosta disso que atire a primeira pedra. Não preciso disso para acreditar no meu valor, mas acho bom quando o outro também nota!
Quando a gente se contenta com menos do que merece em pouco tempo passamos a ver a vida com véus de ilusão, passamos a autodestruir nossa autoestima e construimos assim um castelo de areia de falsa felicidade. Quando o vento bate, o castelo desmorona e quanto mais tempo passa, mais difícil fica.
Eu não quero isso pra mim, consequentemente não vou querer pra você. Claro que muitas vezes a gente erra, não reconhece, não somos fáceis e coisas do tipo, pra isso é legal propor uma reflexão para os dois lados.
Beijos