COMPORTAMENTO

SEM TÍTULO…

Eu não sei que negócio é esse que disseram que escritor escreve melhor quando tá triste, porque você sabe, das duas uma 1) ou eu não sou um escritor 2), ou eu sou uma exceção mesmo. Eu escrevo infinitamente melhor quando estou feliz, na verdade, minto, eu nem escrevo quando tô triste. Eu só durmo. Porque isso é maturidade, né? Quero dizer, dormir quando se está triste. Esperar os problemas passarem. Deixar a vida tomar controle do mastro até que a maré não esteja tão violenta. Sei bem como é isso. Esse ano tive alguns episódios assim.

Não, não. Eu não estava depressiva. Porque até pra isso meu lado canceriano grita alto e diz “Depressão? Você? Ah tá. Deixa de ser besta, Fabio  KKKKKKKKKKKKKK”. Eu só não estava feliz. Estava… Como podemos dizer, apático? É. Eu acho que apático se aplica.

apática
  1. (apatia) ausência de paixão, emoção ou excitação; falta de interesse pelas coisas que os outros acham excitantes ou interessantes

E era exatamente isso que eu estava sentindo. Falta de interesse. Falta de paixão. Conhecia pessoas todos os dias pensando “Mais uma. Igual aquela de ontem, e um pouco diferente só da que vou conhecer amanhã”. E é meio que triste não se surpreender mais com nada, poxa, nosso coração sente necessidade de bater mais forte às vezes.

Desde que terminei meu último relacionamento, tenho tentado ser mais pé no chão. Percebi que às vezes me relacionava com pessoas que não tinham TANTO a ver comigo, e cara, os opostos se atraem mas não ficam juntos no final. Não. Não ficam. Ou podem até ficar, mas vão brigar eternamente… E sinceramente? Eu sou da paz. Fato é que botei na minha cabeça que ficar sozinho por um tempo era essencial. É essencial. Sempre vai ser essencial. A gente se curte mais. Se ama mais. Se conhece mais. E eu fico sozinho numa boa, a solidão é minha melhor amiga desde a época em que eu ia pro parquinho do clube que era sócia brincar sozinha de faz de contas. O problema de se blindar tanto contra qualquer sentimento que possa vir a nos arrebatar é que nos tornamos céticos. Apáticos. Analisadores frios que olham bem para alguém e se perguntam “Ei, será que vale a pena deixar você entrar na minha vida?”.

E quase nunca vale. Foi o que aprendi nos últimos tempos.

Então você acaba se tornando uma pessoa fria. E aquela sensação de borboletas na barriga, e coração batendo forte, que geralmente é o que me impulsiona a escrever por horas a fio, some.

Eu vim aqui pra dizer pra você, que também desistiu, que também não se surpreende mais, que também está se tornando frio e desacreditado das pessoas: não tem problema. O mundo não desistiu de você. O mundo nunca vai desistir de você. Mesmo que você faça pirraça, quebre os vasos da casa, e grite bem alto: “EU NÃO QUERO MAIS!”.

Ah. Você vai querer. Sempre vai ter alguém que nos faz sentir tudo de novo. E as borboletas no estômago vão te fazer esquecer de qualquer vestígio daquela pessoa fria e cética que você estava se tornando.

Porque borboletas são como o amor: coloridas, livres, e trazem uma leveza que com certeza estava faltando no seu dia.